segunda-feira, 7 de março de 2011

FAMÍLIA SUSTENTÁVEL

O casal Claudio e Paula vivem em São Paulo, porém se reconectaram com a natureza por meio da permacultura. Fizeram disso seu ganha pão, e mais do que isso, uma filosofia de vida, que vem sendo passada para os filhos Violeta e Micah e serve de inspiração para os que, assim como eles, buscam formas mais harmônicas de interagir com o planeta e seus recursos naturais.
Ambos perceberam cedo que precisavam descobrir novas maneiras de viver a vida. No final da faculdade de Artes Plásticas, o braziliense Claudio, que vivia em São Paulo desde os 16, entendeu que aquele não era seu caminho. Na época, morava com amigos em uma república e começava a ter contato com a permacultura - cultura permanente, que visa atualizar e manter sistemas de escala humana socialmente justos e financeiramente viáveis. “Como não podia sair da cidade por causa da faculdade, comecei a pensar em possibilidades de trazer benfeitorias ecológicas para dentro de casa. Foi quando entrei em contato com o plantio e a compostagem, que sigo fazendo até hoje”, conta ele.
Enquanto isso, o caminho de Paula também seguia rumos menos convencionais. Depois de dois anos estudando administração, a paulistana trancou sua matricula para se dedicar a yogaterapia. Conheceram-se em 2006, em um Encontro Nacional de Comunidades Alternativas (ENCA) e passaram, desde então, a unir forças a favor do planeta.
A casa que Claudio morava de aluguel na faculdade, agora é própria e tem nome e sobrenome: Morada da Floresta, uma referência de residência ecológica e vida comunitária na cidade de São Paulo. Lá vivem e trabalham, cuidam dos filhos, ministram cursos, confeccionam produtos ecológicos e recebem visitantes e hóspedes sempre buscando aplicar e vivenciar diversas práticas que estimulam a solidariedade e a fraternidade entre os povos, a paz sustentável no planeta e a transformação de paradigmas atuais rumo ao bem-estar geral da biosfera e da humanidade. “No princípio achava que nossas atitudes eram irrelevantes e que não fariam a menor diferença. Mas nossas práticas começaram a servir de exemplo para várias famílias e tomaram uma dimensão muito maior do que imaginávamos”, considera Paula.
Depois que compraram o imóvel, começaram a investir em reformas estruturais permanentes, como por exemplo, a instalação de placas de aquecimento solar e um sistema de captação de água da chuva que é reaproveitada nas torneiras da casa. Também desenvolveram um pequeno portfólio de produtos para venda, como a composteira doméstica e as fraldas e os absorventes femininos de tecido, que preservam o meio ambiente e evitam que partes tão sensíveis do corpo entrem em contato com materiais sintéticos e químicas diversas.
“Com o tempo passamos a ter uma visão mais organizada de todo o potencial da casa. Hoje oferecemos visitas eco-pedagógicas e fazemos parte do roteiro de turismo ecológico de São Paulo”, comenta Spinola.
Recentemente, o casal começou a investir em um projeto piloto que visa transformar os resíduos orgânicos de feiras livres da cidade em adubo para as praças do bairro. A ideia é fazer a compostagem desses alimentos em terrenos próximos das feiras, evitando o uso de caminhões e o depósito desse material em aterros sanitários, já que o chorume produzido por esses resíduos é um dos principais poluentes dos lençóis freáticos.
O modelo de conduta consciente está presente também no ambiente familiar. Os dois filhos nasceram de parto normal, feito por parteiras, na água. A preocupação de dar boas-vindas aos rebentos, fez com que Paula e Claudio se programassem para passar um tempo antes e depois do parto em um retiro familiar, se harmonizando um com o outro e também com as crianças que chegavam ao mundo. “As pessoas estão abrindo mão de cuidar de seus filhos. Ser mãe é meu grande ofício do momento. Acreditamos que o tempo de desfrutar, estabelecer o vínculo e o amor com os filhos acontece nessa primeira infância”, diz Paula.
Na Morada da Floresta as crianças não assistem televisão nem comem produtos industrializados. A diversão acontece por meio do contato dos filhos com os pais, enquanto a alimentação é orgânica e preparada na hora. “Sabemos que somos uma família atípica e sabemos que quando nossos filhos crescerem sofrerão outras influências e isso não nos preocupa. Cuidamos agora de possibilitar que tenham autonomia para fazerem suas próprias escolhas, pautados no que acharão melhor para suas vidas”, explica Claudio.
Os novos padrões adotados pelo casal ao longo de suas jornadas individuais e, há alguns anos, junta, virou recentemente um curso de 10 dias de imersão na própria Morada, aberta a quem quiser participar. “Estamos quebrando paradigmas e mostrando que é possível viver de maneira mais harmônica”, diz Spinola. “Temos muitas semelhanças e percebo que nosso trabalho se potencializa junto. Isso nos dá força para nos comunicarmos com o mundo e compartilhar nossos aprendizados”, complementa Paula.
(por Nara Bianconi - Site "As Boas Novas")

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